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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Alfredo Gonçalves Lança OS ENCANTOS DA MORTE!!

Alfredo Gonçalves de Lima Neto, médico por profissão, artista da palavra por desígnio dos deuses (e quiçá com um pouquinho de força dos demônios também), nasceu em uma madrugada, possivelmente, chuvosa – daquelas de tempestades que, assustando a quem é surpreendido nas ruas, anunciam os grandes cataclismos –, já que a maioria das crianças soe escolher as horas mais insólitas para vir à luz, imagino que isso sucedeu com ele que, também por vocação dos deuses (ou dos...), já veio ao mundo fazendo travessuras.

No entanto, dizia eu que a possível tormenta da qual falava, supondo ter ele vindo ao mundo naquela noite, ao ter as mesmas características das que pressagiam desgraças, ironicamente trouxe um fato benfazejo. Um menino que, se poderia dizer, era antípoda do personagem das histórias infantis, uma vez que não se negou a crescer, sendo que houve apenas uma semelhança com aqueloutro, posto que Alfredo, ao se fazer homem, em espírito, permaneceu eternamente criança, já que, para ele, a vida é tão-somente um ato lúdico, só valendo a pena vivê-la com ajuda de muito riso, brincadeiras, gracejo, festança, pilhéria, caçoada, folgança, galhofa, zombaria e, consequentemente, muito humor.

Não sei se ao nascer, algum anjo torto, daqueles que vaticinaram a Drummond, o fado de “ser gauche na vida”, auguraram-lhe destino semelhante. Sei, contudo, que o dotaram de uma etérea sensibilidade, de uma honestidade ilibada e de um espírito de companheirismo ímpar. Tudo isso, porém, repleto de ironia, de zomba, diria mesmo que até de certo espírito de galhofa, características as quais podem parecer aos desavisados coisa de pessoa que não leva nada a sério.

Ledo engano.

Alfredo, em sua aparente adolescência eterna, é sério e sisudo. Sua obra literária assim o prova. Um dos seus temas favoritos é o último ato da vida, conforme podemos constatar neste “Os Encantos da Morte”, um livro primoroso sob todos os sentidos. E esse primor caracteriza-se pela riqueza da linguagem, pela fina ironia do humor, pelas sutilezas das metáforas, pela trama bem urdida e pela elegância verbal.

Há um lugar-comum – do tipo desses que aparecem nos pára-choques dos caminhões – relacionado com os médicos, o qual reza: “Por lidar tanto com a morte, talvez seja o que melhor saiba lidar com a vida”. Aplicando-o ao escritor Alfredo, eu diria que ele por trabalhar literariamente com o lado absurdo e contraditório da vida – e sua obra é a melhor prova disso –, melhor consegue brincar de forma magistral com a morte.

O leitor sensível, ao adentrar nas páginas deste livro, constatará que essas palavras são o retrato vivo sobre um escritor que consegue transformar em fina ironia – às vezes com laivos de zombaria e sarcasmo – as chamadas tragédias da vida.



Araken Vaz Galvão

terça-feira, 12 de julho de 2011

Convite Para Projeto Uma Prosa sobre Versos


Bom dia!


Temos a imensa satisfação de convidar para o projeto Uma Prosa sobre Versos, que acontecerá nesta sexta-feira, às 19h30min, no Auditório Municipal de Maracás, com o poeta Alesandre Bonafim.

Vamos celebrar a poesia brasileira!

Agradecemos ao convite e felicitamos pela iniciativa.

sábado, 9 de julho de 2011

Mínima Enciclopédia - Soteropolitano

Baiano de nascimento e coração – até um pouco fanático, ainda que fanatismo seja perigoso, mas no bom sentido ou como força de expressão, imagino que, tudo bem – sempre tive curiosidade em saber por que aqueles nascidos na cidade do Salvador são chamados de soteropolitanos, mas, inexplicavelmente, um preguiça macunaímica – se me permitem o canhestro neologismo – impediam-mo.

Talvez a preguiça tivesse seu epicentro no diabinho que todos temos (acho!) no inconsciente, que estava sempre a dizer-me: Não tens nada com isso. Nasceste em Jequié. És, pois, jequieense. Mas eu sabia que essa era uma informação errada ou equívoca. Nascera, em 1936, no município de Jequié, era verdade. Como também era verdade que aquele meu nascimento dera-se no então distrito de Aiquara, mais precisamente na fazenda Santa Maria, que ficava situada próxima ao povoado de Pulga do Campo. Se toda essa complicação para se saber onde um cidadão brasileiro/baiano nascera fosse pouco, Aiquara emancipara-se durante a ditadura, época em que criava-se municípios – exclusivamente para dar mando a apadrinhados – cujo destino era viver de uma única arrecadação: aquela que vinha de um fundo federal criado para sustentar municípios que não se sustentavam. No caso, nas próprias pernas.

Em busca do lugar onde nasci, estive em Aiquara, o lugar continuava praticamente a mesmo de quando eu tinha dez, doze anos. Não mudara nada. Pacata, população escassa de boa gente trabalhadora. O mais era marasmo e silêncio.

Na época daquela visita, já sabia o significado da palavra Aiquara: Vinha do tupi – como sói ocorrer com muitos logradouros brasileiros – AI, que significava preguiça(1), o animal; QUARA, significava buraco, morada, o refúgio da preguiça. Macunaíma poderia ter nascido lá.

Quanto a Jequié(2), que eu também já sabia o significado, cuja forma correta, em tupi, seria Tikí-é, significava “o covo(3) de forma diversa, podia ser ainda uma palavra da língua dos Camacãs (que não eram tupis), Yaquié, para exprimir onça, cachorro”, isto na concepção de Sampaio. Já Falcão afirma que a palavra se formou pela junção de Jequi (covo) mais eé (arrastar), significando “covo de arrasto” (armadilha de arrasto?) ou “rio do covo”. Podendo ser ainda, como segunda opção, “covo diferente, que não é como os demais”.

Tudo isso é dito em uma tentativa de explicar minha resistência em averiguar o significado de soteropolitano, uma vez que era oficialmente jequieense, embora a fazenda onde nascera ficasse no distrito de Aiquara, próxima ao povoado de Pulga do Campo, o que me fazia um cidadão pulgacampense (ou algo similar), mais precisamente nascido em um município que não existia no ano em que nascera. O pior de tudo era que também o minúsculo povoado de Pulga do Campo tampouco existia. Já estava pensando que era um cidadão fantasma – temendo que a terrível, e temível, (com os mais pobres) Receita Federal, descobrisse essa situação e visse nela dolosas intenções minhas.

Estava vivendo esse crucial dilema, participando de uma reunião da Secção Baiana da União Brasileira dos Escritores (UBE/BA), quando conheci a brilhante escritora patrícia, Miriam de Sales. Uma mulher muito simpática, que fala pelos cotovelos, porém não cansa porque fala bem e sabe o que fala e do que fala. Ouvia-a, hipnotizado, como de resto toda a plateia, quando ela disse que sabia o significado de soteropolitano.

Na ocasião, ainda extasiado com a magia da fala de Miriam, senti inibição em perguntar qual. Justifiquei, em pensamento, que não o fazia por pura preguiça (afinal estava relacionado com aquele tipo de animal e de sua casa), porque soteropolitano só podia vir do grego ou do latim – disse-me.

Voltei para Valença, onde moro, magnetizado com o feitiço de Miriam e com o bendito soteropolitano na cabeça. O tempo passou e ontem (29/6/2011, dia de São Pedro e das Viúvas, como realçava a Miriam em seu livro “A Bahia de Outrora”), tomei coragem e perguntei-lhe diretamente. E ela, que adepta do uso constante da Internet, passou-me algo que chamo gancho (mas ela chama link: http://abahiadeoutrora.blogspot.com/2010/07/ficha-tecnica-do-livro.html), onde pude ler o que se segue: “Nós baianos somos xingados de soteropolitanos como dizia o irreverente Jorge Amado. E, muitos baianos desconhecem porque somos chamados assim. Graças à bibliotecária Genilda, da ABL, estudiosa das coisas da Bahia, descobrimos. Soteropolitano(4) vem de SOTERO: SALVADOR; POLI: CIDADE; TANO: NATURAL. Entendeu? Natural da cidade do Salvador, com muito orgulho.

“Como nós, baianos, somos “diferentes” e reverenciamos a cultura clássica, nosso gentílico tinha que vir do grego, pois Soterópolis é Cidade do Salvador, nesta língua.

“Soterópolis era uma cidade grega, erigida em honra de Sotero, imperador, cuja palavra, em grego, significa Salvador.”

₢ Araken Vaz Galvão

sábado, 28 de maio de 2011

"Meu Bebê"

Bonecas são idealizadas, produzidas e compradas com o intuito de servirem de brinquedo a milhares e milhares de crianças. Por isso quando se pensa nelas, é habitual vir à tona (aflorar) sentimentos aprazíveis, puros, inocentes, relacionados a crianças. Mais especificamente, a meninas.

É notório que bonecas são seres inanimados. Contudo, quando são adquiridas e presenteadas passam a pertencer a alguém. Elas conquistam identidade e vida. Vida de boneca, não obstante, vida. Recebem carinho e, no âmbito da fantasia, também retribuem. Todavia as bonecas, apesar de todo cuidado e atenção que lhes são dispensados, quase sempre são descartadas. As formas são diversas: pelo processo caridoso de doação; pelo esquecimento em um baú qualquer; ou simplesmente são jogadas no lixo. Quando elas passam por esse processo de descarte, algumas razões precedem o ato. Pode-se estar diante de novas aquisições (mais bonitas, mais modernas, mais eficientes); a dona cresceu e não se interessa mais por esses seres; e, em situações menos corriqueiras, a mãe, mergulhada por uma inconsolável perda da filha, desfaz-se desses seres que provocam lembranças diluídas em lágrimas.

Pois é. Onde é mesmo que bonecas deveriam permanecer? Se pudesse, suspenderia a seqüência desse texto para que você, leitor, formulasse suas respostas. Pretensiosamente, posso tentar adivinhá-las, mas vou sugerir uma: no lixo. Isso mesmo! No lixo.

Bonecas recolhidas pelo caminhão do lixo têm o fado comum a tudo que não é mais útil a alguém: um lixão. Nesse lugar, pessoas possuem o hábito de garimpar coisas que possam ser úteis para o próprio uso, ou para uma eventual venda. Nunca tive notícia ou conhecimento de que alguém “catasse” algo no lixo para expô-lo no próprio veículo de coleta. Perguntas? À vontade, leitor.

Pois assim foi. Certamente imatura ideia de algum funcionário da limpeza pública que, muito provavelmente, não tem filhos, ou melhor, filhas (hipótese).

Três bonecas, do tipo “Meu Bebê,” foram escolhidas para a peça. Estavam sem roupas, sujas, porém inteiras. Poderiam ter sido completamente recicladas, mas não foram. Ao invés, as três tiveram um destino mais, muito mais do que esquisito. Excêntrico, estrambótico são termos que se amoldam mais à ocasião. Elas passaram a assumir um papel que não é apropriado a um brinquedo, muito menos a uma boneca que, simbolicamente, representa figura feminina. Como tal não deveriam estar naquelas posições onde se encontravam.

É muito provável que os autores da bisarrice não tenham tido a intenção de afrontar ninguém com o despropósito da exposição, mas o fato é que lá estavam as três bonecas. A primeira encontrava-se enganchada (como se estivesse sentada) na frente do caminhão de coleta do lixo urbano. Era algo semelhante a um carro abre-alas, reduzido à frente do caminhão. Desprovida de vestido, braços abertos, como a pedir um abraço que se perdeu com o seu abandono, lá se encontrava a boneca sem nome. O vento, provocado pelo deslocamento do carro, fazia com que ela oscilasse para lá, e para cá; pra trás e pra frente; era uma “boneca-criança” em extremo perigo, obrigada a fazer um “tour” inusitado pela cidade de Valença.

À segunda e terceira personagens, também retiradas do entulho, foram destinados lugares um grau acima do não usual: macabro mesmo. Elas estavam presas a uma corda, ou cordão (não dava para distinguir perfeitamente) e pendiam na parte superior, à direita e à esquerda da carroceria da caçamba. Eram idênticas à outra. Diria mesmo que eram trigêmeas. Assemelhavam-se em tamanho, modelo, grau de conservação e destino. A corda presa ao pescoço frágil dos brinquedos e os movimentos bruscos e desconexos impunham às bonecas uma aparência de alguém que sofrera o processo de enforcamento e foi posto à exposição pública. Exposição ambulante, constrangedora, deplorável.

Triste saber que episódios como esses possam ocorrer sem causar nenhum impacto. No entanto, elas fizeram parte de uma cena de um teatro insólito, macabro, promovido e patrocinado pelos caminhões da limpeza pública de uma cidade cuja platéia (só para dar o tom de confirmação) se olhou, não viu; se viu, não esboçou reação: nem vaias, nem insultos, nem aplausos.

Mas quem era mesmo a plateia?


                                           Maria Raimunda Almeida Silva

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Olá!
Convidamos para o Projeto Uma Prosa Sobre Versos, com os poetas Elder Oliveira e João de Moraes Filho.
Momento musical com Elder Oliveira e recitais com os grupos Concriz e Renascer.
Sua presentça será muito importante para nós.
Edmar Vieira e Equipe
Maracás - BA

quarta-feira, 4 de maio de 2011

União Brasileira de Escritoros


Entidade tradicional, nossa representante, os escritores, com sede em São Paulo, que, entre outras atividades, promove periódicos Congressos de Escritores, cujo primeiro foi realizado na Bahia, na década de 40, vai realizar entre os dias 12 e 15 de novembro de 2011, na cidade de Ribeirão Preto, SP.


Esta é uma notícia importante porque um grupo de escritores da Bahia, sob a liderança de Carlos Souza e de Roberto Leal, está empreendendo esforços para a criação da UEB – Secção Bahia, já tendo realizadas algumas reuniões, onde tem comparecido inúmeros interessados.

Em outras ocasiões temos enfatizado a necessidade de que os escritores do interior somem-se a essa iniciativa, associando-se a UEB, para isso basta acessar o saite: www.ube.org.br

O Vice-presidente da AVELA, Araken Vaz Galvão, que já é sócio, acaba de receber o jornal da Entidade, “O Escritor”, cujo fac-símile da primeira página vai estampado acima.

Aproveitamos a oportunidade para enfatizar a importância de comparecimento do escritor baiano nesse próximo Congresso, cuja programação completa sairá em Abril.



segunda-feira, 2 de maio de 2011

ILHÉUS TERÁ ENCONTRO DE ACADEMIAS DE LETRAS

Adilson Gomes, Araken Vaz, Pawlo Cidade e Alfredo Gonçalves

Estiveram reunidos durante todo o dia de ontem, 30 de abril, na FUNCEA, em Valença, os diretores do Fórum das Academias de Letras do Estado da Bahia - FALAB. A principal pauta do encontro versou sobre a organização e os encaminhamentos do II ENCONTRO ESTADUAL DE ACADEMIAS DE LETRAS DO ESTADO DA BAHIA, que este ano, será realizado na cidade de Ilhéus.

Entre outras coisas, ficou decidido que o encontro ocorrerá no período de 5 a 7 de agosto. Dia 05, às 19:00 horas, será a abertura oficial no Teatro Municipal de Ilhéus e contará com a presença de várias autoridades  - inclusive o Secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim e o Diretor da Fundação Pedro Calmon, professor e historiador Ubiratan Castro,e representantes da sociedade civil.
Para o escritor e pesquisador Araken Vaz Galvão, presidente da FUNCEA e do Fórum das Academias, este segundo encontro irá fortalecer o papel das Academias de Letras no interior da Bahia e dará continuidade às políticas públicas que estão sendo implementadas no setor desde a realização do primeiro encontro, em dezembro passado, na cidade de Valença, promovido pela AVELA - Academia Valenciana de Educação, Letras e Artes, presidida pelo Dr. Alfredo Gonçalves. Na ocasião, 17 Academias de Letras estiveram presentes. Ele ainda acrescenta que o encontro irá analisar os principais pontos descritos na Carta de Valença, transformando-as em políticas públicas para as propostas encaminhadas.

Neste segundo encontro haverá o lançamento dos Anais do encontro anterior, lançamento da Revista do FALAB, apresentações culturais, homenagens, oficinas literárias, palestras e mesa-redondas, sobretudo pautada na obra de Jorge Amado, principal homenageado deste ano no encontro.

Dr. Alfredo Gonçalves, presidente da AVELA, sugeriu que em Ilhéus, o encontro tivesse o mesmo formato do primeiro, já que ele se mostrou bastante eficaz nas discussões e nos debates, respeitando, claro, as características e as atividades locais.

Pawlo Cidade, vice-presidente do Fórum e o confrade professor Adilson Gomes - secretário geral,  sob a  supervisão do confrade Araken, ficaram responsáveis para dar encaminhamento ao cronograma de ações que serão feitas nos próximos meses até a data magna em 05 de agosto. Entre as atividades delegadas está a construção do programa e o tema do encontro. Segundo Pawlo, "Ilhéus fará uma celebração de mãos dadas com Jorge", já que no mesmo período ocorre a tradicional Semana Jorge Amado de Cultura e Arte. "Iremos procurar parceiros que vêm a língua e a literatura como instrumentos de transformação e fortalecimento da cultura na Bahia".

O II ENCONTRO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO ESTADO DA BAHIA, terá apoio da Secretaria de Cultura do Estado, através da Fundação Pedro Calmon e da Prefeitura Municipal de Ilhéus, por meio da Fundação Cultural de Ilhéus.