Bonecas são idealizadas, produzidas e compradas com o intuito de servirem de brinquedo a milhares e milhares de crianças. Por isso quando se pensa nelas, é habitual vir à tona (aflorar) sentimentos aprazíveis, puros, inocentes, relacionados a crianças. Mais especificamente, a meninas.
É notório que bonecas são seres inanimados. Contudo, quando são adquiridas e presenteadas passam a pertencer a alguém. Elas conquistam identidade e vida. Vida de boneca, não obstante, vida. Recebem carinho e, no âmbito da fantasia, também retribuem. Todavia as bonecas, apesar de todo cuidado e atenção que lhes são dispensados, quase sempre são descartadas. As formas são diversas: pelo processo caridoso de doação; pelo esquecimento em um baú qualquer; ou simplesmente são jogadas no lixo. Quando elas passam por esse processo de descarte, algumas razões precedem o ato. Pode-se estar diante de novas aquisições (mais bonitas, mais modernas, mais eficientes); a dona cresceu e não se interessa mais por esses seres; e, em situações menos corriqueiras, a mãe, mergulhada por uma inconsolável perda da filha, desfaz-se desses seres que provocam lembranças diluídas em lágrimas.
Pois é. Onde é mesmo que bonecas deveriam permanecer? Se pudesse, suspenderia a seqüência desse texto para que você, leitor, formulasse suas respostas. Pretensiosamente, posso tentar adivinhá-las, mas vou sugerir uma: no lixo. Isso mesmo! No lixo.
Bonecas recolhidas pelo caminhão do lixo têm o fado comum a tudo que não é mais útil a alguém: um lixão. Nesse lugar, pessoas possuem o hábito de garimpar coisas que possam ser úteis para o próprio uso, ou para uma eventual venda. Nunca tive notícia ou conhecimento de que alguém “catasse” algo no lixo para expô-lo no próprio veículo de coleta. Perguntas? À vontade, leitor.
Pois assim foi. Certamente imatura ideia de algum funcionário da limpeza pública que, muito provavelmente, não tem filhos, ou melhor, filhas (hipótese).
Três bonecas, do tipo “Meu Bebê,” foram escolhidas para a peça. Estavam sem roupas, sujas, porém inteiras. Poderiam ter sido completamente recicladas, mas não foram. Ao invés, as três tiveram um destino mais, muito mais do que esquisito. Excêntrico, estrambótico são termos que se amoldam mais à ocasião. Elas passaram a assumir um papel que não é apropriado a um brinquedo, muito menos a uma boneca que, simbolicamente, representa figura feminina. Como tal não deveriam estar naquelas posições onde se encontravam.
É muito provável que os autores da bisarrice não tenham tido a intenção de afrontar ninguém com o despropósito da exposição, mas o fato é que lá estavam as três bonecas. A primeira encontrava-se enganchada (como se estivesse sentada) na frente do caminhão de coleta do lixo urbano. Era algo semelhante a um carro abre-alas, reduzido à frente do caminhão. Desprovida de vestido, braços abertos, como a pedir um abraço que se perdeu com o seu abandono, lá se encontrava a boneca sem nome. O vento, provocado pelo deslocamento do carro, fazia com que ela oscilasse para lá, e para cá; pra trás e pra frente; era uma “boneca-criança” em extremo perigo, obrigada a fazer um “tour” inusitado pela cidade de Valença.
À segunda e terceira personagens, também retiradas do entulho, foram destinados lugares um grau acima do não usual: macabro mesmo. Elas estavam presas a uma corda, ou cordão (não dava para distinguir perfeitamente) e pendiam na parte superior, à direita e à esquerda da carroceria da caçamba. Eram idênticas à outra. Diria mesmo que eram trigêmeas. Assemelhavam-se em tamanho, modelo, grau de conservação e destino. A corda presa ao pescoço frágil dos brinquedos e os movimentos bruscos e desconexos impunham às bonecas uma aparência de alguém que sofrera o processo de enforcamento e foi posto à exposição pública. Exposição ambulante, constrangedora, deplorável.
Triste saber que episódios como esses possam ocorrer sem causar nenhum impacto. No entanto, elas fizeram parte de uma cena de um teatro insólito, macabro, promovido e patrocinado pelos caminhões da limpeza pública de uma cidade cuja platéia (só para dar o tom de confirmação) se olhou, não viu; se viu, não esboçou reação: nem vaias, nem insultos, nem aplausos.
Mas quem era mesmo a plateia?
Maria Raimunda Almeida Silva
sábado, 28 de maio de 2011
segunda-feira, 9 de maio de 2011
quarta-feira, 4 de maio de 2011
União Brasileira de Escritoros
Entidade tradicional, nossa representante, os escritores, com sede em São Paulo, que, entre outras atividades, promove periódicos Congressos de Escritores, cujo primeiro foi realizado na Bahia, na década de 40, vai realizar entre os dias 12 e 15 de novembro de 2011, na cidade de Ribeirão Preto, SP.
Esta é uma notícia importante porque um grupo de escritores da Bahia, sob a liderança de Carlos Souza e de Roberto Leal, está empreendendo esforços para a criação da UEB – Secção Bahia, já tendo realizadas algumas reuniões, onde tem comparecido inúmeros interessados.
Em outras ocasiões temos enfatizado a necessidade de que os escritores do interior somem-se a essa iniciativa, associando-se a UEB, para isso basta acessar o saite: www.ube.org.br
O Vice-presidente da AVELA, Araken Vaz Galvão, que já é sócio, acaba de receber o jornal da Entidade, “O Escritor”, cujo fac-símile da primeira página vai estampado acima.
Aproveitamos a oportunidade para enfatizar a importância de comparecimento do escritor baiano nesse próximo Congresso, cuja programação completa sairá em Abril.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
ILHÉUS TERÁ ENCONTRO DE ACADEMIAS DE LETRAS
Adilson Gomes, Araken Vaz, Pawlo Cidade e Alfredo Gonçalves |
Estiveram reunidos durante todo o dia de ontem, 30 de abril, na FUNCEA, em Valença, os diretores do Fórum das Academias de Letras do Estado da Bahia - FALAB. A principal pauta do encontro versou sobre a organização e os encaminhamentos do II ENCONTRO ESTADUAL DE ACADEMIAS DE LETRAS DO ESTADO DA BAHIA, que este ano, será realizado na cidade de Ilhéus.
Entre outras coisas, ficou decidido que o encontro ocorrerá no período de 5 a 7 de agosto. Dia 05, às 19:00 horas, será a abertura oficial no Teatro Municipal de Ilhéus e contará com a presença de várias autoridades - inclusive o Secretário de Cultura do Estado da Bahia, Albino Rubim e o Diretor da Fundação Pedro Calmon, professor e historiador Ubiratan Castro,e representantes da sociedade civil.
Para o escritor e pesquisador Araken Vaz Galvão, presidente da FUNCEA e do Fórum das Academias, este segundo encontro irá fortalecer o papel das Academias de Letras no interior da Bahia e dará continuidade às políticas públicas que estão sendo implementadas no setor desde a realização do primeiro encontro, em dezembro passado, na cidade de Valença, promovido pela AVELA - Academia Valenciana de Educação, Letras e Artes, presidida pelo Dr. Alfredo Gonçalves. Na ocasião, 17 Academias de Letras estiveram presentes. Ele ainda acrescenta que o encontro irá analisar os principais pontos descritos na Carta de Valença, transformando-as em políticas públicas para as propostas encaminhadas.
Neste segundo encontro haverá o lançamento dos Anais do encontro anterior, lançamento da Revista do FALAB, apresentações culturais, homenagens, oficinas literárias, palestras e mesa-redondas, sobretudo pautada na obra de Jorge Amado, principal homenageado deste ano no encontro.
Dr. Alfredo Gonçalves, presidente da AVELA, sugeriu que em Ilhéus, o encontro tivesse o mesmo formato do primeiro, já que ele se mostrou bastante eficaz nas discussões e nos debates, respeitando, claro, as características e as atividades locais.
Pawlo Cidade, vice-presidente do Fórum e o confrade professor Adilson Gomes - secretário geral, sob a supervisão do confrade Araken, ficaram responsáveis para dar encaminhamento ao cronograma de ações que serão feitas nos próximos meses até a data magna em 05 de agosto. Entre as atividades delegadas está a construção do programa e o tema do encontro. Segundo Pawlo, "Ilhéus fará uma celebração de mãos dadas com Jorge", já que no mesmo período ocorre a tradicional Semana Jorge Amado de Cultura e Arte. "Iremos procurar parceiros que vêm a língua e a literatura como instrumentos de transformação e fortalecimento da cultura na Bahia".
O II ENCONTRO DAS ACADEMIAS DE LETRAS DO ESTADO DA BAHIA, terá apoio da Secretaria de Cultura do Estado, através da Fundação Pedro Calmon e da Prefeitura Municipal de Ilhéus, por meio da Fundação Cultural de Ilhéus.
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